quinta-feira, 12 de junho de 2014

O Miúdo da Água





Hoje foi um dia incrível. Apenas uma pequena amostra dos dias de trabalho que se avizinham. Dias em que as horas vão passaram a correr, com todos a correr de um lado para o outro.

Eram 8.30h estava a chegar ao estaleiro e a preparar-me para um dia com algum trabalho controlado e programado. Esquece. Toca o telefone. Dia todo virado ao contrário. Chega isto, chega aquilo. Monta-se aqui, monta-se ali. Início de Obra é assim. Sempre a andar. Sempre a mil.

O dia passou a correr.

Almocei com uns colegas marroquinos, num almoço mesmo engraçado. Desde comer conforme os seus costumes, a uma troca de línguas constantemente. Eu quero que eles me ensinem francês. Eles querem que eu lhes ensine espanhol. Dor de cabeça gigante. Já falava francês quando queria falar espanhol e vice-versa.

Comecei a fazer o que queria fazer, supostamente às 9h da manhã, às 20h. Saí do estaleiro às 21h. A meio do caminho foi incrível o que aconteceu.

Cabras e ovelhas a passarem no meio da estrada. Dois miúdos a galope num burro. Um deles salta do burro a correr atrás do meu carro. Páro. Pede-me água. Olho para todo o lado do interior do carro. “Eu tinha aqui água!!!” – pensei. Desligo o carro. Saio. Procuro. Encontro. Água quente por estar dentro do carro o dia todo. Ofereço-lhe a garrafa. Não fala francês. Tento explicar num gesto em português que a água está quente. Mas ele já a estava a beber. Percebeu. Mas não quis saber. Tinha sede mas estava feliz e com energia. Tinha sede mas sorria.

Pediu-me dinheiro mas não lhe dei.

Vou voltar a cruzar-me com ele. Filmar como deve de ser uma conversa com ele e dar-lhe dinheiro.




Amo-te.

1 comentário: